quinta-feira, 19 de julho de 2012

INDIGNAÇÃO


Noutro dia (16/07/2012, DF TV de manhã), numa entrevista da Globo com um sabidão da área de saúde, subordinado ao governador Agnelo Queiroz, ao responder sobre os tratamentos aos drogados do Distrito Federal deu uma conhecida demostração de ignorância a este problema social.  Aliás os Japoneses em pesquisa sobre o conhecimento dos empregados numa empresa, chegaram a simples conclusão de que os empregados de base conhecem em torno de 84 % dos problemas da empresa, enquanto que os figurantes dos mais altos postos apenas  4% , ficando as demais chefias com as diferenças.

Pois bem, esse senhor entrevistado de tudo que respondeu deixou bem esclarecido que o Governador se empenhou e existem diversos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)  com 80% de sua capacidade livre e que somente 20% era ocupada porque os interessados não procuravam.  Indagado se havia pretensões de criar entidades fechadas a exemplo de São Paulo, insistiu respondendo que a intenção seria sempre de agir com o convencimento e se achou o máximo.

Olhem, se eu não fosse uma pessoa educada e pelo menos conhecesse esse cidadão de perto eu me lembraria do meu tempo no interior para dizer ANTÃO, meu caro.

A questão meu caro leitor, não é se existem os benditos CAPS, que pra mim e nada é a mesma coisa, quando se trata de tratamento de drogados, já que não recolhem e nem internam ninguém. Se você não conhece, de forma bem sucinta, até porque conheço pouco também, o paciente ao procurar a rede pública é encaminhado para o CAPS, onde deve começar a freqüentar o tanto de vezes por mês ou por ano que eles indicam para ser recebido por psicólogos e muitas vezes não. Esse método talvez funcione com deprimidos ou até de desvio mental em fase inicial. Como o assunto é pesado e pouco reversível, de novo a questão não é se atendem bem ou não e tampouco a eficiência de algum resultado. A questão é perguntar: quantos drogados vocês conhecem que vai procurar esses tais CAPS? - Olha turma tá ora de ir ao psicólogo, depois a gente cheira mais!

Resumindo tudo o que contraria a exibição do cidadão dos CAPS é exatamente dizer que o maior desespero dos pais é não ter no Distrito Federal, um local decente onde possam internar seus filhos. Esse cidadão e demais autoridades precisam conhecer de perto alguns pais e drogados, e quem sabe não aprendem o mínimo possível do que de fato causa resultado.

Existem alguns locais que chamam de clínicas, mas que sequer enfermeiro possui, pra não dizer médicos ou psicólogos, mas que o drogado pode sair à hora que quiser. Então ele fica até vir a abstinência e então foge correndo para encontrar com a droga e voltar é nunca. A piada, é que ainda assim conseguem melhor resultado que o governo com tantos aparatos inúteis.

Os pais querem um lugar onde possam visitar seus filhos limpos e bem cuidados e em vez disso nem conseguem acompanhar os lugares por onde eles andam drogados, e que só aparecem em busca de dinheiro, roubar dos pais e até usam de violências contra eles ou em caso de doenças. Mas melhorou um pouco, ninguém os mantêm em casa. O "crack", por exemplo, como mau exemplo da desgraça familiar, tira o filho principalmente de casa e inicia um sofrimento incalculável para toda a família.

Eu poderia trazer muita discussão, discurso, palestras e pesquisas a respeito, sem contar que teria argumento para esgotar meu espaço neste Blog. Mas não é esse o meu objetivo. Meu objetivo é dizer que falta informação para nossos dirigentes e enquanto não se alfabetizarem nesse sentido, todos estaremos perdidos.

Quando eu falo que estaremos perdidos, você poderia até indagar se fui, sou ou tenho alguém em casa nesta condição. Digo-lhe que nunca tive a curiosidade de experimentar qualquer vício ilícito. Fumei e deixei há mais de 17 anos. Tenho duas filhas lindas e maravilhosas que além de todo meu esforço e de minha esposa para mantê-las distantes das drogas, elas próprias acredito, nunca tiveram a vocação e por isso até hoje, graças ao nosso Bom Deus, não enfrento o problema em casa.

Mas tenho clientes, advogado que sou e resumo a experiência de apenas um caso para que percebam o quanto é difícil de ouvir o figurão entrevistado.  Trata-se de uma moça, onde a mãe já perdeu até as roupas de vestir em diversas ocasiões, pois num piscar de olhos eram roubadas e vendidas, além de equipamentos, jóias e enfim qualquer coisa. Ela foi internada em duas supostas clínicas particulares, onde numa fugiu acusando ter sido estuprada e noutra que também não gostou e foi embora.  Grávida, conseguimos a sua interdição para que o bebê tivesse uma chance e a justiça deferiu sua internação num hospital pública até que o bebê nascesse. Dali foi encaminhada para uma clínica em Cristalina de onde por ser aberta fugiu. O MM Juiz determinou ao Estado que pagasse sua internação em Clínica própria indicada pelos psiquiatras que opinaram pela interdição, mas o governo disse que não vai pagar e até agora não pagou. Uma procuradora do GDF gastou páginas para dizer que o Governo dispunha de tratamentos de primeiro mundo e falou tanta abobrinha que nem vale a pena repetir, já que se referia a sistema de CAPS, ou seja, é mais uma que nada sabe de tratamento de drogas. Com muito custo e ato de sorte a mãe, através de terceiros que conhecia o dono, conseguiu uma vaga numa clínica particular fechada, onde a moça fugiu a primeira vez e foi recapturada e outra vez, depois de 40 dias fugiu de vez. Apareceu em casa 4 dias depois toda arrebentada, com febre, gemendo e com Sífilis. A clínica, como é de graça e para não trazer má fama para ela, a clínica recusou seu retorno.  Conclusão a moça tá na rua, tem só 22 anos e ninguém consegue prever futuro melhor que sua morte por overdose, assassinato, ou prisão que seria a melhor das opções se nas prisões também não entrasse drogas.

QUERO ME SOLIDARIZAR  AOS QUE CONHECEM O PROBLEMA E DIZER PARA OS QUE NÃO CONHECEM: A DROGA É MAIOR QUE O AMOR DOS PAIS, É MAIOR QUE A RELIGIÃO E NÃO DÁ OPORTUNIDADE PARA CONHECER DEUS, SE NÃO TIVER UM LUGAR ONDE O DROGADO POSSA COMPULSORIAMENTE " LIMPO" OUVIR SOBRE ESTAS COISAS.

AH. QUANTO AO FIGURÃO, PODE FICAR TRANQUILO NO SEU EMPREGO PORQUE NINGUÉM VAI MESMO PROCURÁ-LO OU AOS SEUS CAPS.

Meu nome é Pedro Alves e nada tenho contra ninguém, apenas contra o desconhecimento de causas de grande parte de nossos dirigentes.

Brasília, 19 de julho de 2012


ADENDO

Agora em São Paulo está amplamente sendo divulgado que possuem clínicas para: 1- aqueles drogados que voluntariamente se apresentam (muito raro, porque no início não admitem que estão viciados e depois a vontade não conta: dizem que quer agora e na hora fogem); 2- aqueles convencidos pela família ou instituições (difícil, porque são convencidos enquanto saciados ou por algum motivo relevante, mas quando vem a abstinência, não agüentam e deixam as clínicas, já que abertas); 3- Por fim, para aqueles que se transformaram um perigo para a sociedade ou para si, ou seja, caso perdido (em todo o caso, melhor que nada).  O que de fato me espanta que muitos chamados entendidos do assunto continuam defendendo a tese e brigando para que a internação seja apenas voluntária, pois a compulsória desrespeita o direito de liberdade, patati, patata... Estes, provavelmente nunca tiveram um caso sério na família e se tiveram que me desculpem, estão pouco ligando para o próprio drogado.  Mas por que?  Porque precisam entender de vez que o crak não é brincadeira e que uma vez viciado, o usuário está condenado a morte se não houver providências sérias e isto para não dizer que fatalmente, aqueles que não estão ainda perdidos, sem solução, vão ainda ficar se não houver a intervenção da família para aqueles que possuem meios econômicos e do Estado para os demais!        A princípio pode parecer uma violência para aquele que mal começou ou que já está afetado pelas drogas. Não vejo violência nenhuma em se obrigar um ser humano a se internar numa boa clínica até que ele possa dali sair com uma nova chance de vida, antes que seja tarde. Mas se a medida para alguns é considerada de violência mesmo sendo ela para o bem do doente, para a família e sociedade, então que seja.   Não gosto de algumas comparações porque sempre geram argumentos que até fogem do foco.  Todavia vamos refletir: dirigir sob o efeito de álcool resulta numa série de sanções e até restrição de liberdade. Olha bem, não é preciso que o condutor esteja envolvido em nenhum acidente e muitos até beberam a vida inteira e nunca se meteram em algum, seja por sorte, seja porque para alguns, pequenas quantidades afetam menos, seja porque alguns ficam até mais cuidadosos, o fato é que nada disso importa. Não importa se a lei está tirando a liberdade da pessoa, que o álcool seja bebida lícita, se todos são inocentes até que se prove o contrário, que a prevenção seja uma presunção de que alguém vai cometer um ilícito, nada importa. Não se pode beber e dirigir e pronto!  Quando o legislador e o poder público querem, tudo acontece.  E O VICIADO EM DROGAS?  A droga é ilícita, mas o uso deixou de ser crime porque o usuário é considerado doente. Todo mundo sabe que a droga faz mal a saúde e até mata. Pois bem, doente tem o direito de ser tratado e para isto precisa haver meios adequados. Todo mundo sabe que o drogado além de fazer mal a si ele faz mal a sociedade e muito mal a família que além de ser constantemente agredida e roubada, sofre com o problema. Então esta pessoa precisa ser retirada da família que não tiver meios para fazê-lo e da sociedade para que ele se trate. Todo mundo sabe que enquanto houver usuário haverá a venda e o traficante  e ambos são crimes. Todo mundo sabe que traficante é pior que erva daninha e que a polícia nunca irá vencê-los. Pois bem, enquanto a polícia luta pela prevenção, a outra parte do poder público precisa lutar para consertar os estragos causados e com muito mais vantagem: o pobre usuário não tem aviões, armas e nem fogem! É só recolhê-los e tratá-los, ainda que contra a vontade deles!  Aliás, tem outra questão interessante: o governo não gasta uma fortuna para manter sem liberdade milhares de presos no Brasil, as vezes até lhes pagando salários? É bem verdade que os drogados as vezes em tese,  ainda não cometeram crimes, mas como se pode também concluir que já estão cometendo contra si e vão cometer contra outros, assim como quem bebe e dirige. A diferença é que a restrição de liberdade do usuário de drogas pode ser mais curta, tem fim mais nobre e grande chance de sucesso, quanto antes for tomada a medida. Já o preso por crime, fica longos anos, dá uma despesa danada e pouquíssimos se regenera - maioria volta a delinqüir.   Ah! Você que discorda é claro, tem este direito, mas continua enganado. Lugar de criminoso é na cadeia e de doente na clínica, não importa sua vontade. O primeiro vai agradecer a Deus por diminuir seus pecados enquanto preso e o segundo a você autoridade, por lhe dar uma chance de viver. É MINHA OPINIÃO.

Em tempo: sabem onde foi parar aquela garota que fugiu de todas as clínicas? Está em Catalão. Finalmente a mãe descobriu uma clínica fechada e depois de interditá-la, conseguiu interná-la, mas a clínica é particular e no momento,  está passando sérias dificuldades financeiras para pagar a clínica  e ainda manter e cuidar de netos deixados por ela.  Para ser mais sincero ela passa fome mesmo, apesar de alguma ajuda que está recebendo.  Ainda assim está feliz, pois sua filha é bem tratada e vigiada, está se sentindo bem, com saúde e fala com ela toda semana, com visita mensal. Já faz 4 meses, ela ficará 9, mas passado o primeiro momento passou a aceitar o tratamento e deixou de uma série de maus costumes adquiridos na rua através da droga.

 Brasília, DF 31 de janeiro de 2013

Pedro Alves da Silva

ESQUECI

Não sei porque mas ando muito esquecido. Noutro dia me contaram que chequei em casa levando  uma mulher para morar comigo. Ao entrar em casa encontrei outra mulher que foi logo brigando comigo, no que perguntei: quem é você; sua esposa, seu cachorro, já se esqueceu? Fiquei pensativo e enquanto isso a mulher que levei se escafedeu. Me tocando no braço ela então perguntou: e agora vai ser assim também, é?  - como ? respondi. -Vai ficar trazendo mulher pra casa também, homem?    Mas, que mulher, mulher? - Que você acabou de trazer! Quem, cadê? acabou de ir embora! -Mas por que? Porque ela desconfiou homem! Mas desconfiou de quem? - Docê ora! -Mas por que, o que fiz? Então ela furiosa disse que... me chamou de... Ih, esqueci!


Pedro Alves